terça-feira, 10 de agosto de 2010

CaioFernandoAbreu ~

Pintaram as rebordosas.
Continuaram pintando.
Nós continuávamos resistindo mas às vezes penso que viver não deve ser apenas isso,
segurar a barra.
Continuamos carregando nossas pequenas maldições
– mais orgasmos, insônia, pesadelos, excessos de álcool e cigarros, procura cega, iluminações ilusórias e passageiras, etc.
O mundo continua apodrecendo, os amigos vão para a Europa, para a clínica ou para a prisão, viciaram-se nas drogas mais diversas.
Em nome de que resistimos?
De onde tiramos essa energia, que é meio talvez uma falta de energia por não termos conseguido radicalizar e mudar alguém ou a nós próprios, ou enlouquecer e fugir pro mato. Normalmente resistimos enquanto o coração resseca,
os olhos endurecem, as deliberações se frustram.
Desmascaramos a farsa para continuarmos a existir no meio dela.
De que nos tem servido essa lucidez senão para chamar barra cada vez mais pesada?
Batalhamos a paz, a divina diferença.
Pra termos sede de amor e de beleza.

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