sábado, 17 de agosto de 2013

Coragem.

"Vinde. Vamos tocar janeiro, vamos por fevereiro e março e abril e maio, e tudo que vier; durante o ano a gente o esquece, e se esquece; é menos mal. E às vezes, ao dobrar uma semana ou quinzena, às vezes dá uma aragem. Dá, sim; dá, e com sombra e água fresca. E quem vo-lo diz é quem já pegou muito no sol nos desertos e muito mormaço nas charnecas da existência. Coragem, a Terra está rodando; vosso mal terá cura. E se não tiver, refleti que no fim todos passam e tudo passa; o fim é um grande sossego e um imenso perdão."

(Rubem Braga- A borboleta amarela)

domingo, 21 de abril de 2013

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Sorrir com os olhos, falar pelos cotovelos, meter os pés pelas mãos. Em mim, a anatomia não faz o menor sentido. Sou do tipo que lê um toque, que observa com o coração e caminha com os pés da imaginação. Multiplico meus cinco sentidos por milhares e me proponho a descobrir todos os dias novas formas de sentir. Quero o cheiro da felicidade, o gosto da saudade, o olhar do novo, a voz da razão e o toque da ternura. Luto contra o óbvio, porque sei que dentro de mim há um infinito de possibilidades e embora sentimentos ruins também transitem por aqui, sei que devo conduzi-los com a força do pensamento até a porta de saída. Decidi não delegar função para cada coisa que eu quero. Nem definir o lugar adequado para tudo de bom que eu sinto. Nossos sentimentos são seres vivos e decidem sem nos consultar. A prova de que na vida, rótulos são dispensáveis e sentimentos inclassificáveis.

Fernanda Gaona



cansada. . .


"Eu estou cansado, chefe. Cansado de estar na estrada, solitário como
um pardal na chuva. Cansado de nunca ter um amigo por perto, para me
dizer de onde nós viemos ou para onde vamos, ou por quê. Acima de
tudo, eu estou cansado de pessoas sendo maldosas umas com as outras.
Eu estou cansado de toda a dor que eu sinto e ouço do mundo todo o
dia. Tem muita dela. São como pedaços de vidro na minha cabeça, o
tempo todo. Você pode entender?"


John Coffey . The Green Mile . À espera de um milagre

segunda-feira, 18 de março de 2013

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Gostaria de dizer isto: acho estranho os adultos discutirem tão facilmente e com tanta frequência sobre

 coisas tão mesquinhas. 

Até agora eu achava que birra era uma coisa de criança e que a gente superava quando crescia.



— O Diário de Anne Frank

!!



Eu só quero que você entenda que eu não gosto quando você vai embora. Não gosto quando você esconde o que sente. Não gosto quando você não me dá a menor bola. Se eu falo que está tudo bem, quero que você pergunte de novo. E de novo. De vez em quando eu finjo que tudo está numa boa, mas tenho o meu lado fraco. Preciso de colo. De atenção. Se eu estou triste, quero você ao lado. Se eu estou brava, quero você ao lado. Se eu estou num dia bom, quero você ao lado. Se meu dia foi péssimo, quero você ao lado.



— Clarissa Corrêa

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Tenho mania de romantizar tudo. Qualquer envolvimento que eu tenha, por mais rápido que ele seja, lembro com carinho. Gosto da ideia de que sou cheia de amores que não deram certo, mas ainda assim amores. Mesmo sendo eu quem não procurei mais, mesmo sendo eu quem tenha terminado, mesmo… eu gosto mesmo de uma história boa pra contar depois. Não consigo contar desafetos nos dedos, quanto mais em histórias.


— Jéssica Barreto

segunda-feira, 11 de março de 2013

não há.


”(…)Não há do que reclamar. 
O Mundo está respirando e o meu coração bate desacelerado. 
A raiva passou, os ressentimentos não chegaram a existir e o mal foi extirpado. 
O céu não desabou sobre nossas cabeças, o Universo ainda vive e as estrelas 
descansam um pouco. 
O sol se escondeu atrás da asa de um avião. 
E a vida segue assim: hora após hora. Como deve ser.”



Marla de Queiroz

domingo, 10 de março de 2013

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"Eu não tenho medo de voar. Eu tenho medo de estar fechada num lugar e de ter escolhido estar fechada nesse lugar. 
Tenho medo porque meus pés sentem o chão mas ele é falso.
 Meus pés sempre me obrigam a sentir a verdade e eu sou obrigada a dizer a eles que aquele chão não dura e nem é de terra. 
Tenho medo do absurdo que é sorrir e dizer “guaraná normal e sem gelo, grata” enquanto se quer dizer “que merda é essa de estar voando se não sou a porra dum passarinho?”. 
Tenho medo porque quando acabar estarei em outro lugar. Agora, se eu pudesse escolher o maior de todos os medos, eu diria “a chance disso cair agora é muito pequena”. 
Estou sobrevoando, sem inteligência, a água profunda que aprendi a chamar de casa mas também de intervalo.
A verdadeira angústia de voar é estar acima da nossa vida. 
Voar é tornar nossa rotina banal. 
Estou voando há dias, de primeira classe, com vista para o desenho de um país que não sei o nome. 
Ao lado de uma pessoa que, até que enfim, não é mais uma barrinha de cereal."

— Alto - Tati Bernardi

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Em certos dias eu não sei jogar esse jogo chamado vida.
 Eu caio, despenco, choro no canto, no escuro.
Em certos dias um vazio me envolve, me ensurdece, me deixa distante e bem sensível.
Nesses dias eu fico no automático. 
Sorrisos, trabalho, família, tudo fluindo sem grandes esforços ou desejos de superação.
Um dia a armadura de força, esperança e bom humor cai ao chão e eu fico totalmente vulnerável.
Qualquer dor vira a maior das dores, qualquer carinho transforma-se no carinho do século e as esperanças e desejos atingem seu ápice ou caem por terra junto com a moça inatingível.
Não sei ser meio, não sei sentir pouco, gostar metade, lutar só um 'cadin'...eu me entrego a tudo que quero, desejo, busco.
E sinceramente já não sei o quanto isso é bom.

 -Alice A.

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"Ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. 
Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança.
De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. 
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela." 

Carlos Drummond de Andrade

vai ter que me entender.

"Se você estiver ocupado demais para me ligar, eu vou entender.
Se você não tiver tempo para me mandar mensagens, eu vou entender.
Se você tiver fazendo algo mais importante e não puder me ver, eu vou entender.
Se você fingir que não está nem ai pros meus sentimentos e continuar me ignorando, eu vou entender.
Se você continuar desperdiçando seu tempo de vida com coisas fúteis, eu vou entender.
 Mas se eu parar de te procurar, aí é a sua vez de me entender."



Tati Bernardi.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

?

Fiquei com perguntas assim: será que isso que a gente chama de amor se passa sempre fatalmente em dois níveis? O da fantasia, da emoção real, poética — e o da realidade que descamba para a agressividade, para a dureza? Por que, na segunda-feira, eles (nós) não revelam a carência do fim de semana e se dizem coisas duras? Realmente, por que, afinal? Se não seria mais fácil se a verdade pudesse fluir? Um pouco mais além: mas será que a verdade poderia mesmo fluir? Será que verdade e fluência não se opõem, contrapõem? E coisas como: amor existe mesmo? Ou só existe o permanecer de braços abertos, como no sonho de Luisa (esse sonho podia perfeitamente ser meu), pronto(a) a receber alguém que nem sequer chega a tomar forma? E quando alguém, no plano real, toma forma, a gente imediatamente projeta toda aquela emoção presa na garganta do sonho. E fatalmente se fode, porque está tentando adequar/ajustar um arquétipo, uma imagem de toda a nossa infinita carência, nossa assustadora sede, a uma realidadezinha infinitamente inferior.


Caio F. Abreu!

Mq.

Eu não quero viver longe de você. Digo, viver sem falar contigo, sem saber como foi o seu dia, o que você fez, como está se sentindo. Até porque, longe fisicamente de você eu já estou.



— Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

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"Uma vez, escutei uma coisa que nunca mais esqueci: 
se o que você está fazendo não está dando resultado, 
talvez o problema não seja atingir a forma certa, e sim refazer as coisas. 
Fazer de novo, de um novo jeito. 

Se o seu jeito não está funcionando, troque de jeito até acertar."

(Clarissa Corrêa)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

E!


"Um amor clichê. É isso que todos nós esperamos na vida. Quem não espera, é por que não sabe o que quer, quando descobrir vai querer. Todos nós queremos, ainda que não saibamos expressar. Um amor clichê pra domingo ficar com preguiça, pra fazer os mesmos programas, pra contar as mesmas piadas. Um amor clichê de filme, como Lisbela sonhava, complicado, difícil, quase impossível, que passa sobre tudo e sobre todos mas no final sobrevive, mocinha e mocinho. Um amor clichê de conversar em silêncio por horas e horas, de velhinhos indo ao cinema com os casais de jovens suspirando e prometendo ficar assim. 
Um amor clichê de música do casal, de mãos dadas na areia da praia, de esperar a ligação, de responder o sms, de caneca de café pela manhã, de dias chuvosos.
Todos querem um amor clichê, pois os clichês são quase intermináveis e não têm pressa."
- Filipe Leão