sexta-feira, 9 de setembro de 2011

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ARLEQUIMDiz-me: Queres-me bem?

PIERROTFala: Gostas de mim?

COLOMBINA, hesitante:
A Pierrot: Eu amo-te, Pierrot...
A Arlequim:...Desejo-te, Arlequim...

ARLEQUIM, soturnamente:
A vida é singular! Bem ridícula, em suma... Uma só ama dois e, dois amam só uma!

COLOMBINA, sorrindo e tomando ambos pela mão:
Não! Não me compreendeis! Ouvi atentos, pois, meu amor se compõe do amor de todos dois. Hesitante, entre vós, o coração balanço:
A Arlequim: O teu beijo é tão quente!
A Pierrot: O teu sonho é tão manso!
Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a Arlequim meu corpo e a Pierrot a minh’alma! Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro me dá o sonho! Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu, outro fala da terra! Eu amo, porque amar é variar, e, em verdade, toda a razão do amor está na variedade... Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim:

PIERROT
Um sonho de Pierrot...

ARLEQUIM
E um beijo de Arlequim!

Por: Menotti del Picchia

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